terça-feira, 23 de setembro de 2008

Baía da Traição (Kkampus)






A Baía da Traição é um lugar belíssimo que fica na Paraíba, quase na divisa com o Rio Grande do Norte.

Além de belo lugar : fiz uma excelente viagem e encontrei velhos amigos: o Daniel e A Maysa , de Maceió e a Ana América , de Salvador .

Ficamos hospedados numa Pousada na beira da praia, e fomos super bem atendidos pelos chef`s Thiery e Beto, que nos proporcionaram dias alegres em vossas companhias.

Visitamos uma aldeia indígena e fomos tatuados com tinta de urucum.

Além das fotos, segue o poema em homenagem ao recanto (leva o nome da Pousada)

Acaju tibiro

Procuro uma rima pra Acaju Tibiro
Enquanto se chega
O encanto é imediato
Perder a rota
Encontrar o rumo
As quebrancas rítmicas nas pedras
Foi-se o coração de pedra

Um farol... a luz
Os olhos quase a suarem tímidos
Se deixar o sol chegar
As ondas levam o peso na areia

As falésias, a tribo.
Um riacho de águas cristalinas
Outro vinho tinto que corre
O vento, senhor do movimento das coisas.
A dança das plantas
O barulho na palha
Dormir com os rumores do mar

É noite...
E a infinitude luminosa no breu
Uma inundação de questões da existência
Rasga uma estrela cadente
E um desejo de voltar
Mas que a promessa não seja em vão
A traição da baia lembrada
Viver não e preciso
E a busca dos significados naturais

Acaju Tibiro
Na língua timbira
Quer dizer encontro...
Virando saudade.

domingo, 21 de setembro de 2008

O Pior Cego... (Por Kkampus)

Por mais que queira ter uma visão otimista do Brasil, tenho a impressão de que nunca chegaremos lá, e essa assertiva me parece muito mais real aqui na província do Maranhão. Assisti ao filme “Ensaio sobre a cegueira” do diretor brasileiro Fernando Meirelles, que além da excelente qualidade técnica, teve a escolha fortuita de basear-se no livro homônimo do escritor lusitano José Saramago, este, vencedor do Nobel de Literatura, prêmio que o credencia como um dos melhores escritores do mundo e diminui um pouco minha tendência, por ser seu admirador, não só dos temas que aborda em seus livros, sua narrativa esdrúxula e maravilhosa, além de ser um dos heróis da resistência, no que tange à aceitação da ordem mundial vigente, calcada nos princípios neoliberais embutidos na globalização.
Lá venho eu novamente como neobobo, discutir este velho tema, que cada vez mais tem menos eco, pois há um sentimento de derrota pelo que se tornou inevitável e inexpugnável, até onde a história poderá desdizer. Contudo minhas posturas se tornam reféns da minha carcomida coerência, a qual me orgulho, inclusive com as reservas morais que me apego.
De qualquer forma, fico decepcionado ao ver uma obra magnífica, independente dos futuros prêmios que irá receber, além do reconhecimento óbvio da crítica intelectualizada, ser maltratada pela ausência de um contingente efetivo de platéia na única sala de exibição entre várias outras que exibem chicletes, pipoca e refrigerante.
Quisera todo ser humano ou cidadão desta cidade, pudesse ter outras oportunidades de se deparar com seu espelho, com a verdade nua e crua da nossa essência. Longe eu de querer filosofar sobre o gênero humano, não tenho formação técnica para isso, mas gosto de discutir o tema, mesmo sem o apego estrito ao academicismo. Mas sou cônscio que a linguagem do cinema é rica, clara e profunda, e chega ao cerne da questão em obras desse tipo. Talvez o diretor, e nem o escritor quisessem uma massificação sobre o tema, mas independente de suas vontades, tem-se a sensação de um grande desperdício, de “se oferecer pérolas aos porcos”.
Quisera poder acreditar que a ausência das pessoas é premeditada, pelo medo de se encontrar consigo mesmo, de achar que a crueza humana seja demais dolorosa para se ter como opção de lazer ou que eu seja demais preconceituoso, um grande patrulheiro ideológico, e não aceite as liberdades de escolhas por temas fúteis. Mas a verdade é que as pessoas, de um modo geral estão acostumadas a consumir o fácil, aquilo que a sua mediocridade permite, no melhor estilo, “quanto mais burrice, melhor”. Imagino que as escolhas também são frutos da ignorância, da falta de consciência crítica, do analfabetismo que ainda em nosso meio prevalece.
E quem nos salvará dessa cegueira? Talvez o “Domingão do Faustão” ou qualquer dos telejornais de fácil assimilação que poderão decretar o valor deste filme: a mídia pobre a lastrear a arte.
Que eu seja perdoado por minhas ácidas críticas, movidas pelo inconformismo. Ainda assim, mais que nunca, “o pior cego é aquele que (literalmente) não quer ver”

K.Kampus.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Equívoco do fazendo





A natureza é clara, mostra-se exuberante, extasia, quando se mostra pura: ser vivo que pulsa, em movimento e cor. O ritmo biológico não se conta em horas, se faz com os pássaros trilando na penumbra da alvorada... a névoa filtrando raios da manhã...a geada derretendo em gotas ao dia...o rumor das cascatas correndo , sempre...as nuvens fazendo desenhos inocentes no céu.
Os homens, os ditos civilizados atentam contra a natureza das coisas, a sua própria natureza. A vida caduca, enruga-se com sua presença; fica um rastro_ as cinzas , o ermo chão. Até quando eles vão destruir, fomentando desertos ? Quando vão aprender que as fazendas não fazem bem ? Será se vale destruir a floresta pra alimentar bois? Quantos índios mais seremos dizimados por sua ganância?Vejo-os como um Midas, de dom invertido, que por onde passa, vira prata (merda).
Não sei onde nasceu a maldade, esse instinto de destruição: tudo por dinheiro. Mas parece que as pessoas vão se vestindo com a mesma capa, buscando a felicidade em caminhos tortos, tão distante das veredas ,onde um olhar se perde e se encanta. O verde... O verde em suas formas e matizes, mostrando a conjunção de água, terra e luz, enquanto o fogo de Prometeu à espreita, fazendo promessas de extermínio e dourando o capim.
O homem tem que reinventar o homem; mudar as relações com seu ambiente, com os outros. Urge salvar a civilização, guardar o berço das próximas gerações , resgatar os bons que hoje vão ficando sozinhos, párias desse sistema selvagem. Assim , então, o lúdico não será mais raro, e o esplendor do planeta azul triunfará sobre o desvelo desses tolos que não sabem o que fazem.
Perdoa mãe-errante do universo!
K.Kampus.


“Havia tanto pra aproveitar
Sem poderio
Tantas histórias, tantos sabores
Capins dourados”
(Vanessa da Mata)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Presença (Quintana)

Antes do poema, gostaria de dizer o quanto é valioso ter neste mundo pessoas como você, meu amigo. Embora não nos vejamos com frequência, não resta a menor das dúvidas que nos queremos muito bem e que torcemos pela paz, harmonia e serenidade sempre presentes em nossas vidas. Lembro com um misto de admiração tristeza daquele telefonema que me deste onde informava que teria que seguir para Fortaleza para tentar um querido amigo seu que perdera a esposa. E certamente ao receber dele esse poema do Quintana (Presença), acredito que gostaria de vê-lo publicado. Por isso tomo a liberdade de postá-lo em seu blog. Um afetuoso abraço, meu amigo, meu irmão em Cristo Jesus.
PRESENÇA:
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exacto e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
a folha de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu te sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho que fechar meus olhos para ver-te!

domingo, 14 de setembro de 2008

Nos causando "Inveja" (por Henrique)











Agora o "Poeta Doutor", fica mandando a prestação as fotos de sua expedição ao lado de seu irmão e cunhado. Relatos? - nenhum. Com isso vai ativando a ansiedade deste que gostaria de também estar lá.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Expedição Capim Dourado (por Kkampus)


Expedição Capim Dourado.

“Deus escreve certo pelas linhas tortas” ; este ditado iria aparecer várias vezes durante a expedição. Era pra ser um encontro de amigos, de vários trilheiros que desafiariam suas vidas , buscando o inusitado Jalapão.Contudo os entreveros de vários colegas levaram a adoção de um segundo plano, mais modesto, com a mesma finalidade. Assim eu( apelidado K.Kampus , como poeta) e o Mauro Renato, partimos junto na minha viatura Lelé 200 Savana (é assim mesmo lelé, outro apelido, que empresto ao meu carro ) seguindo o roteiro pré-estabelecido em mais de um ano e meio.Deixando a pieguice de lado, foi um sonho realizado.
O que esperava da viagem? Um encontro com a natureza selvagem, um desafio ao meu espírito de aventuras?matéria-prima para meu livro inédito? Diria que sim a tudo isso, mas é claro que esta viagem foi muito mais e torna-se um marco na minha história, ao resgatar em mim , a alegria, o devaneio, a compaixao ; ao me deixar mais vivo, intrépido, feliz; ao controlar a fome, o cansaço , a saudade.
Fundamentalmente me senti mais perto de mim, de quem eu gosto de ser, um homem livre, fiel a seus princípios, a seus valores; preso ao seus sentimentos de amizade , a seus familiares; alguém que gosta de coisas simples, que adora ver as manifestações da natureza, mesmo o estio, além dos rios, as cachoeiras, os animais, o sol , a lua, estrelas, montanhas, paisagens. Que gosta de arte, _artesanato, música, violão e poesia. Que gosta de pessoas, encontros, beleza, papo e filosofia.Que gosta de prazeres: iguarias, água, sono, contemplação, caminhadas.
Tentarei contar a viagem, pelos dias...deliciando-me com as lembranças.
Um beijo a todos que se identificarem com a história.
K.kampus